ONU: diante da crise, ações para atingir objetivos globais são mais urgentes do que nunca
Crianças se alimentam no Equador. Foto: Banco Mundial / Jamie Martin


Os dramáticos impactos da pandemia de COVID-19 expuseram “fraquezas em nossos sistemas e sociedades”, disse a principal autoridade do fórum internacional da ONU sobre desenvolvimento sustentável, iniciado na terça-feira (7), alertando que “é necessária uma nova dinâmica” para superar os choques negativos.

“A pandemia de COVID-19, embora principalmente uma crise de saúde, também rapidamente se tornou a pior crise econômica e humana em décadas”, disse Mona Juul, presidente do Conselho Econômico e Social (ECOSOC), na reunião inaugural do Fórum Político de Alto Nível sobre desenvolvimento sustentável, que será realizado até 16 de julho.

“Isso exacerbou a situação já difícil para milhões de pessoas que vivem na pobreza”, acrescentou.

Sob os auspícios do ECOSOC, o fórum tem como objetivo traçar um caminho mais claro para os países desencadearem uma melhor recuperação, compartilharem experiências e superarem desafios na prossecução dos objetivos globais, ao mesmo tempo em que compartilham estratégias para enfrentar a pandemia e cumprir seus compromissos até 2030.

Diante da atual crise, “progressos significativos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) não poderiam ser mais urgentes”, disse Juul, pedindo que a reunião seja “um trampolim para maior solidariedade e cooperação”.

Apontando a Agenda 2030 “notavelmente ambiciosa” e a “forte estrutura global para financiar sua implementação”, a chefe do ECOSOC chamou a ONU de “uma potência de coordenação global e de ideias que mudam o mundo”.

Para encerrar, ela incentivou os participantes a “mostrarem ao mundo” que podemos reconstruir melhor à medida que avançamos, inspirando ações para melhorar vidas.

“Precisamos de todas as mãos no convés para concluir esse trabalho”, concluiu Juul.


ODS são mais urgentes do que nunca
 

Apresentando o relatório de progresso do secretário-geral sobre os ODS, Liu Zhenmin, chefe de assuntos econômicos e sociais da ONU, destacou que os objetivos de desenvolvimento são “ainda mais urgentes”, à medida que o mundo enfrenta essa “crise de proporção histórica”.

“Uma recuperação verdadeiramente transformadora da COVID-19 deve ser buscada”, disse ele. “Uma que reduza o risco de futuras crises e nos equipe para cumprir os objetivos da Agenda 2030 e do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas”, acrescentou.

No contexto do 75º aniversário da ONU, Liu sustentou que responder à pandemia requer “um aumento na cooperação internacional, na solidariedade e no multilateralismo”.

Mostrando os impactos da COVID-19 nos ODS, o relatório de progresso revelou também que o mundo está atrasado no cumprimento dos objetivos globais.

Antes da pandemia, alguns avanços e metas importantes haviam sido alcançados, como a disponibilidade de eletricidade para mais de 1 bilhão de pessoas entre 2010 e 2018, bem como um declínio na mortalidade materna global em 38%.

No entanto, esses ganhos foram ofuscados por progresso estagnado ou revertido em outras áreas, incluindo um aumento no número de pessoas que sofrem de insegurança e desigualdade alimentar, além do conhecimento de que as mudanças climáticas estão ocorrendo ainda mais rápido do que o previsto – 2019 foi o segundo ano mais quente já registrado e concluiu a década mais quente desde que os registros começaram.


Ameaças paralelas
 

Em meio à COVID-19, a comunidade global se vê confrontada com “ameaças paralelas ligadas à saúde, crises econômicas e sociais [que] prejudicaram os países e nos deixaram paralisados”, afirmou Liu.

“Desde o início de julho, o número de mortos chegou a mais de 500 mil e continua a subir, com quase nenhum país sendo poupado”, acrescentou.

Os efeitos da pandemia sobrecarregaram os sistemas de saúde globalmente; causaram o fechamento de empresas e fábricas; mantiveram 1,6 bilhão de alunos fora da escola; interromperam cadeias globais de valor e o fornecimento de produtos; e devem empurrar 71 milhões de volta à pobreza extrema.

Os mais pobres e os mais vulneráveis ​​estão sendo afetados desproporcionalmente, com mulheres e crianças arcando com o maior ônus.

A crise afetou significativamente os meios de subsistência de 1,6 bilhão de trabalhadores do setor informal, ou metade da força de trabalho global, exacerbando a vulnerabilidade de 1 bilhão de moradores de favelas e interrompendo as intervenções para salvar vidas.

Também provocou um aumento na violência doméstica contra mulheres e crianças.

Indicando quedas no comércio mundial de 13% a 32%, uma baixa de até 40% do investimento estrangeiro direto e de 20% para as remessas a países de baixa e média renda em 2020, Liu observou que “mesmo os países desenvolvidos estão tendo dificuldades”.

O relatório destaca a necessidade urgente de solidariedade e cooperação global.

Liu apoiou o apelo do secretário-geral por uma resposta multilateral coordenada e abrangente que represente pelo menos 10% do PIB mundial, juntamente com seu apoio a medidas que deem aos países em desenvolvimento o poder de fogo financeiro necessário para enfrentar a tempestade.

“Superar a crise e voltar aos trilhos para alcançar os ODS exigirá liderança, previsão, inovação, finanças e colaboração entre todos os governos e todas as partes interessadas”, enfatizou Liu. “Nos próximos dias, devemos usar plenamente o potencial do fórum para catalisar a ação global”.

 


FONTE: https://nacoesunidas.org/onu-diante-da-crise-acoes-para-atingir-objetivos-globais-sao-mais-urgentes-do-que-nunca/amp/