14/08/2020 – SÃO PAULO – Em um momento inédito de pandemia causado por uma doença que já tirou a vida de mais de 105 mil brasileiros e infectou cerca de 3,2 milhões de pessoas no país, muitos se perguntam quais são as perspectivas econômicas no Brasil pós-coronavírus. 

Com o intuito de responder a essa questão, Paulo Hartung, Economista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Governador do Estado do Espírito Santo (ES) em três oportunidades, proferiu, ontem (14/8), às 10h30, a palestra de encerramento das atividades da XVIII Semana Jurídica do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP).

Em sua apresentação, Hartung discorreu sobre o cenário econômico quando da chegada da COVID-19 e falou sobre o impacto ocasionado com a adoção do distanciamento social. “A pandemia chegou em um momento em que questionávamos o processo de globalização acelerado, e debatíamos se evoluiríamos no multilateralismo ou iríamos na direção do fortalecimento dos Estados nacionais, com sinais completamente contraditórios de protecionismo e fechamento convivendo com cooperação e solidariedade”, contextualizou.

Segundo o Economista, muitas ainda são as dúvidas sobre o futuro, mas já é possível desenhar um cenário de um mundo mais endividado, marcado por uma evolução digital e preocupado com a estruturação dos sistemas de saúde e com a sustentabilidade, entre outros.

. Tendências

Em relação ao Brasil, Hartung destacou que antes da pandemia o país vivia um momento de pontos fortes – com reservas internacionais, implementação de teto dos gastos que contribuiu para a diminuição da inflação e a Reforma da Previdência –, mas que também apresentava-se frágil sob muitos aspectos, com uma taxa de investimento baixíssima, alta taxa de desemprego, endividamento alto e crescimento medíocre.

Ele criticou o modo com que o país, de modo geral, enfrentou a COVID-19, citando os problemas na distribuição do auxílio emergencial, que chegou a quem não deveria e não alcançou quem precisava, a desunião das instituições e a crise ambiental. Segundo o Economista, essa realidade contribuirá, no futuro próximo, para um cenário de endividamento perto de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), retração econômica, ampliação brutal do desemprego e investimentos público e privado baixíssimos.

. Agenda

Como parte das soluções a serem adotadas no pós-pandemia para a retomada da área econômica, Hartung propõe uma agenda que inclui ancorar o endividamento, reduzindo as despesas públicas e retomando reformas importantes, como a Reforma Administrativa; manter o teto dos gastos, combatendo o desperdício e a inflação; investir na área de infraestrutura como forma de geração de empregos; reorganizar programas de transferência de renda, a partir do Bolsa-Família; buscar mais recursos no orçamento da União; e investir na Educação Básica. 

“Estamos de novo na encruzilhada entre o fácil, que mira no curto prazo, na demagogia e no populismo, e o certo, que dá trabalho, que tem que mobilizar a população, mas busca modernizar as instituições e o Estado, que precisa parar de ser um concentrador de renda para ser um distribuidor de oportunidades. Seja na agenda proposta ou não, eu torço para que o Brasil percorra o caminho para melhorar”, afirmou.

O Conselheiro-Corregedor Dimas Ramalho, responsável pela mediação dos trabalhos, agradeceu a apresentação do Economista e Governador do ES (2003-2010 e 2015-2018). “Agradeço as oportunas palavras, sempre instigantes e nos chamando para reflexões”, parabenizou.

Participaram das atividades, que foram acompanhadas por cerca de mil pessoas on-line, os Conselheiros Antonio Roque Citadini, Renato Martins Costa, Cristiana de Castro Moraes, Sidney Beraldo, o Auditor-Substituto de Conselheiro, Alexandre Manir Figueiredo Sarquis, o Procurador-Geral do Ministério Público de Contas junto ao TCESP, Thiago Pinheiro Lima, e a Diretora da EPCP, Bibiana Helena Freitas Camargo.

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